obrigada
obrigada por você estar aqui
obrigada e feliz natal
por você ter comentado aqui, obrigada
feliz natal
muita paz no ano que vem
muita paz e amor
muita paz vem no ano que vem
muito amor vai e vem vem e vai
amor que fica é divino
feliz natal e a graça do amor divino
obrigada
feliz natal e muitas garças
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Tratado zen
O pequeno Samurai me feriu
com o arco de ipê roxo
Uma mulher não deve ceder aos caprichos de um Samurai
uma mulher deve lutar pela preservação dos ipês
Sob o ipê roxo
enterro o amor impossível
a sete palmos do chão
com o arco de ipê roxo
Uma mulher não deve ceder aos caprichos de um Samurai
uma mulher deve lutar pela preservação dos ipês
Sob o ipê roxo
enterro o amor impossível
a sete palmos do chão
sábado, 11 de setembro de 2010
Abacaxi
O que você leva dentro?
Eu velo um abacaxi
entalado no ventre
Abacaxi também tem suas fases
flor, fruta doce
coroa de espinhos
casca grossa
O amor é um abacaxi
Eu velo um abacaxi
entalado no ventre
Abacaxi também tem suas fases
flor, fruta doce
coroa de espinhos
casca grossa
O amor é um abacaxi
sábado, 31 de julho de 2010
Ninguém
Toquei minha pele na pele do meu
inimigo. Nunca mais escrevi nome
algum. Ninguém: é o que sou.
Hiberno. Até que tudo retome um
sentido. O desassossego é para ser
sentido a sós.
Beijei a face do meu inimigo. Uma e
Outra. Ele ofereceu-me o corpo.
Negado três vezes: judiação.
Com lâmina afiada, arranquei a pele
do meu braço e rosto. Pergaminho
para escrever nenhum nome.
Hiberno. Enquanto meu corpo se
reveste.
Pele macia a do inimigo. Lobo vestido
de algodão. Boca e língua de castigo.
O verbo: emudecido.
Hiberno.
Poema finalista do Prêmio OFF FLIP 2010
inimigo. Nunca mais escrevi nome
algum. Ninguém: é o que sou.
Hiberno. Até que tudo retome um
sentido. O desassossego é para ser
sentido a sós.
Beijei a face do meu inimigo. Uma e
Outra. Ele ofereceu-me o corpo.
Negado três vezes: judiação.
Com lâmina afiada, arranquei a pele
do meu braço e rosto. Pergaminho
para escrever nenhum nome.
Hiberno. Enquanto meu corpo se
reveste.
Pele macia a do inimigo. Lobo vestido
de algodão. Boca e língua de castigo.
O verbo: emudecido.
Hiberno.
Poema finalista do Prêmio OFF FLIP 2010
quinta-feira, 15 de julho de 2010
olhos de saramargo
pés caminham como se afundassem
na ponta dos dedos flores de medo
nunca mais, na história deste lugar,
se sonhará como antes
os inimigos se afagam
rabos de raposas se alisam
que é isso compañero?
(plátanos a menos
carros hyundai a mais)
compañero, isso é diñero
compañero, nada vejo:
olhos de saramargo
ensaiam sobre a cegueira
na ponta dos dedos flores de medo
nunca mais, na história deste lugar,
se sonhará como antes
os inimigos se afagam
rabos de raposas se alisam
que é isso compañero?
(plátanos a menos
carros hyundai a mais)
compañero, isso é diñero
compañero, nada vejo:
olhos de saramargo
ensaiam sobre a cegueira
quinta-feira, 11 de março de 2010
Criança no jardim
Na casa em que nasceu havia um extenso jardim. Imaginem, vocês, aprender as palavras num lugar assim, apontando para a flor e perguntando, e esta, como se chama? Alguém, então, carinhosamente (ou irritadamente) lhe respondendo: rosa, cravo, jasmim. Enquanto ouvia as respostas, a criança sentia as sensações das palavras novas: j-a-s-m-i-m dá uma sensação de veludo na garganta; cravo, uma coisa mais cortada, talvez por causa da música que se aprende do cravo que brigou com a rosa. Coitada da rosa despedaçada.
A criança ouvia a música e tentava entender. Qual motivo havia levado o cravo a brigar com a rosa? Não dava conta de compreender, então voltava a olhar o jardim, onde encontrava outras florezinhas desabrochando.
O mundo das sensações e das palavras. As sensações que as palavras provocam. Deixem-me aqui, pensava, com as minhas sensações. Dêem-me o tempo necessário para ruminar o mundo.
Na casa em que nasceu havia um extenso jardim. Imaginem, vocês, aprender as palavras num lugar assim, apontando para a flor e perguntando, e esta, como se chama? Alguém, então, carinhosamente (ou irritadamente) lhe respondendo: rosa, cravo, jasmim. Enquanto ouvia as respostas, a criança sentia as sensações das palavras novas: j-a-s-m-i-m dá uma sensação de veludo na garganta; cravo, uma coisa mais cortada, talvez por causa da música que se aprende do cravo que brigou com a rosa. Coitada da rosa despedaçada.
A criança ouvia a música e tentava entender. Qual motivo havia levado o cravo a brigar com a rosa? Não dava conta de compreender, então voltava a olhar o jardim, onde encontrava outras florezinhas desabrochando.
O mundo das sensações e das palavras. As sensações que as palavras provocam. Deixem-me aqui, pensava, com as minhas sensações. Dêem-me o tempo necessário para ruminar o mundo.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Catatau
respiro
o canto insiste
é cisne deslumbrante
tudo o mais em mim sucumbe
sou cântaro, pluma e pranto
camaleão-calígrafo sem rumo e alguma rima
a minha poesia é menor
dirá a crítica amanhã.
E de que me valerá,
se estarei morta?
não, não estarei morta
serei igual a borboleta
que se fingiu de porta
não quero ser famosa
nem dar entrevistas
muito menos que especulem minha vida
apenas meus poemas
podem ser especulados,
mastigados, lidos de mil modos -
minha melhor pele
fiz o caminho inverso dos outros poetas
vivi primeiro
a erudição veio depois
a arte me salvou a vida
um poema pode levar dias para ser concebido
também o contrário pode acontecer
diversos versos aflorarem de uma vez
é como se diversos espíritos de poetas mortos te visitassem
e colocassem nos teus dedos palavras comoventes
o poeta precisa da situação criadora
a qual não combina com fama
pode combinar com cama, clima, clamor
todo poeta é amor
em palavras
mesmo quando a palavra é dura
há os que precisam de palavras duras
de hoje em diante o meu amor será eterno e duro
desses que se levanta da cama com vontade de dormir
mas com rigidez se põe de pé e se encaminha
(ante a vontade de desistir), a estrela que me guia
a dizer: lá na frente está tua fantasia
o pote inexistente no arco-íris
faço de conta e tantas contas fiz
que nem me levo mais em conta
farei poemas doces
a arte é a única mentira verdadeira e pura
a arte e o mar e o rio e o céu estão em mim
feito perfume
o canto insiste
é cisne deslumbrante
tudo o mais em mim sucumbe
sou cântaro, pluma e pranto
camaleão-calígrafo sem rumo e alguma rima
a minha poesia é menor
dirá a crítica amanhã.
E de que me valerá,
se estarei morta?
não, não estarei morta
serei igual a borboleta
que se fingiu de porta
não quero ser famosa
nem dar entrevistas
muito menos que especulem minha vida
apenas meus poemas
podem ser especulados,
mastigados, lidos de mil modos -
minha melhor pele
fiz o caminho inverso dos outros poetas
vivi primeiro
a erudição veio depois
a arte me salvou a vida
um poema pode levar dias para ser concebido
também o contrário pode acontecer
diversos versos aflorarem de uma vez
é como se diversos espíritos de poetas mortos te visitassem
e colocassem nos teus dedos palavras comoventes
o poeta precisa da situação criadora
a qual não combina com fama
pode combinar com cama, clima, clamor
todo poeta é amor
em palavras
mesmo quando a palavra é dura
há os que precisam de palavras duras
de hoje em diante o meu amor será eterno e duro
desses que se levanta da cama com vontade de dormir
mas com rigidez se põe de pé e se encaminha
(ante a vontade de desistir), a estrela que me guia
a dizer: lá na frente está tua fantasia
o pote inexistente no arco-íris
faço de conta e tantas contas fiz
que nem me levo mais em conta
farei poemas doces
a arte é a única mentira verdadeira e pura
a arte e o mar e o rio e o céu estão em mim
feito perfume
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